8 coisas que precisa mesmo de saber sobre uma dieta baixa em FODMAPs

1. O que significa FODMAP?

FODMAP é um acrônimo em inglês que se refere a fermentáveis (Fermentable), oligossacarídeos (Oglissacharides), dissacarídeos (Disacharides), monossacarídeos (Monosacharides) e (And) polióis (Polyols)1. Os FODMAP são hidratos de carbono de cadeia curta que tendem a agravar os sintomas de algumas patologias intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII) ou intolerâncias alimentares não identificadas, uma vez que poderão não ser bem absorvidos no intestino delgado, acabando por passar para o intestino grosso onde são fermentados pelas bactérias presentes, dando origem à distensão, flatulência, dor e inchaço1.

2. Em que alimentos podemos encontrar os FODMAP?

Os FODMAP podem ser encontrados numa ampla variedade de alimentos, incluindo frutas, vegetais, cereais (trigo, centeio, cevada, aveia), produtos com lactose (que contenham leite, iogurte ou queijo), cebola, alho, alcachofra, cogumelos, leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilhas, ervilhas, favas), produtos à base de soja, frutas oleaginosas (caju, pistácio, etc.), sementes, mel, adoçantes artificiais e bebidas2, 3.

3. O que é a Dieta baixa em FODMAP?

Devido à frequência e severidade de sintomas da SII, pela dificuldade de absorção no intestino, poderá ser sugerido seguir uma dieta baixa em FODMAP2. Esta dieta restringe e reduz temporariamente as quantidades de FODMAP, de forma que possa identificar quais os FODMAP que desencadeiam os sintomas (também conhecidos como “triggers”)2.

4. Quais os objetivos desta dieta?

Numa primeira fase, esta dieta pretende reduzir a severidade e a frequência dos sintomas, proporcionando um maior alívio aos doentes. Nas seguintes fases o objetivo é identificar quais os FODMAP que desencadeiam os sintomas (“triggers”), permitindo por um lado compreender quais os alimentos a evitar e/ou em que quantidades podem ser consumidos, e por outro diversificar a alimentação com maior segurança, sem que os sintomas retornem2.

5. Como é constituída esta dieta?

A dieta baixa em FODMAP é constituída por 3 fases2.

FASE 1

Eliminação

Nesta fase são restringidas as quantidades de alimentos ricos em FODMAP, optando por substituições alimentares baixas em FODMAP. Tem como objetivo o controle e redução de sintomas e pode durar entre 2 a 6 semanas.

FASE 2

Reintrodução

Nesta fase da dieta são feitos os testes aos vários FODMAP. Desta forma podemos perceber a intolerância individual a cada FODMAP e identificar os triggers. Esta fase poderá ter uma duração entre 8 a 12 semanas.

FASE 3

Personalização

Após se identificarem os FODMAP que desencadeiam sintomas vamos poder personalizar a alimentação.

6. Esta dieta é eficaz no tratamento de SII?

Apesar de não ser a única forma de tratamento da SII, a dieta baixa em FODMAP tem demonstrando uma grande eficácia na redução de sintomas4.
A maioria dos estudos realizados demonstra que a restrição de FODMAP melhora os sintomas funcionais gerais e a severidade dos mesmos entre 50 a 80% dos doentes com SII2.

7. Como posso fazer esta dieta?

Esta não é uma dieta que pode ser feita de forma autónoma. Assim é sugerido que procure uma Nutricionista Certificado para a Dieta baixa em FODMAP. Este Nutricionista, numa primeira consulta irá avaliar os seus sintomas e a frequência dos mesmos, e orientá-lo para a dieta baixa em FODMAP onde serão dadas as informações sobre que alimentos poderá consumir diariamente e quais os que deve restringir. Posteriormente irá orientá-lo para todas as fases seguintes, verificando a reação e tolerância individual aos FODMAP.

8. Fontes alimentares de FODMAPs e alternativas adequadas3 *

Tipo de FODMAP

A EVITAR

Preferir

FRUTA

Maçã, pera, pêssego, abacate, amora, ameixa, manga, melancia e alperce

Banana, ananás, abacaxi, meloa, laranja, clementina, maracujá, kiwi, papaia, framboesas, morangos, mirtilos e uvas

Frutas oleaginosas e sementes

Caju, pistácio e soja

Amendoim, amêndoa, noz, noz pecan, noz da macadâmia, avelã, pinhão, castanha do brasil, tofu firme, tempeh, rebentos de soja, sementes de abóbora, sementes de sésamo e sementes de girassol

Hortícolas

Alho francês, alcachofra, beterraba, couve-flor e cogumelos frescos

Cenoura, endívia, feijão verde, alface iceberg, abóbora manteiga, tomate, curgete, nabo, pimento, beringela, espinafre, bok choy, pepino e rúcula

Tubérculos e condimentos

Batata-doce, cebola e alho

Batata inglesa, inhame, mandioca, cebolinho e
assa-fétida

Leguminosas

Favas

Lentilhas enlatadas, grão-de-bico enlatado e ervilhas enlatadas

LÁCTEOS

Leite com lactose, requeijão, natas, sobremesas lácteas e gelados de leite

Leite sem lactose, manteiga, iogurtes baixos em lactose, queijos moles (mozarela, camembert, brie, feta, quejo de cabra, cottage, ricotta, cream fraiche e quark), queijos duros (flamengo sem lactose, manchego, parmesão, suíço, cheddar e havarti), bebidas e iogurtes vegetais

Cereais

Pão de trigo, centeio, cevada, integral (com glúten), muesli, granola, bolachas com farinha de trigo, massa, etc.

Pão sem glúten ou de massa mãe (espelta, trigo sarraceno, milho e arroz), corn flakes, cereais de arroz e quinoa, bolachas de milho e de arroz, flocos de aveia, arroz, massa sem glúten, millet, polenta, tapioca, quinoa, milho doce, etc.

Bebidas

Bebidas frisantes, licores e bebidas brancas, sumo de maçã e refrigerantes com edulcorantes (terminados em -ol) e /ou frutose e chá de camomila

Vinho maduro, cerveja, café, chá verde, chá de menta e chocolate em pó

OUTROS

Mel, xarope de agave, produtos industriais que contenham frutose ou polióis (sorbitol, xilitol, maltitol, isolamalte, eritritol, etc.)

Carne, peixe, ovo, xarope de ácer, mostarda, molho de soja e chocolate negro

FRUTA

Banana, mirtilo, melão, toranja, uvas, limão, lima, tangerina, laranja, maracujá, framboesa

LEGUMES

Cenoura, pimentão, cebolinho, pepino, beringela, gengibre, ervilhas, alface, azeitonas, nabos, pimentos, batata, espinafre, tomate, abóbora

Fontes de proteínas

Toda a carne fresca de vaca, frango, cordeiro, porco, vitela

Noz de macadâmia, amendoim, nozes e pinhões

Ovos, Tempeh, Tofu

Pão e cereais

Trigo mourisco, milho, aveia, polenta, quinoa, arroz, espelta

Produtos lácteos

Manteiga, leite sem lactose, iogurte sem lactose, outros queijos, leite de arroz

outros

Peixe, xarope de ácer (Maple Syrup), açúcar comum (sacarose), glicose

FRUTA

Maçã, damascos, nectarinas, pessego, cerejas, pêra, amoras, melancia, ameixas

LEGUMES

Cebola, couve-flor, brócolos, alho-
francês, alho, chalota, alcachofra, beterraba, funcho, ervilhas, feijão

Fontes de proteínas

Legumes, leguminosas

Pistachos

Caju

Pão e cereais

Trigo, cevada, centeio

Produtos lácteos

Leite condensado ou evaporado, queijo cottage ou ricota, leite, natas, gelado, iogurte.

outros

Mel, xarope de milho com alto teor de frutose, frutose, goma de mascar adocicada artificialmente e produtos de confeitaria.

* NOTA: Dentro dos alimentos indicados como alternativas deve sempre verificar com o seu nutricionista quais as quantidades permitidas de consumo, mediante a fase que se encontra da dieta.

Artigo revisto pela Drª Sara Barreirinhas, Nutricionista Certificada na Dieta baixa em FODMAP pela Monash University e Membro da Ordem dos Nutricionistas (2098N)

Referências:
1. Syed K, Iswara K. Low-FODMAP Diet. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing Copyright © 2022, StatPearls Publishing LLC.; 2022.
2. Whelan K, Martin LD, Staudacher HM, Lomer MCE. The low FODMAP diet in the management of irritable bowel syndrome: an evidence-based review of FODMAP restriction, reintroduction and personalisation in clinical practice. J Hum Nutr Diet. 2018;31(2):239-55.
3. Monash University DoG. The Monash Uni low FODMAP diet app 2016 [Available from: https://www.monashfodmap.com/ibs-central/i-have-ibs/get-the-app/.
4. van Lanen AS, de Bree A, Greyling A. Efficacy of a low-FODMAP diet in adult irritable bowel syndrome: a systematic review and meta-analysis. Eur J Nutr. 2021;60(6):3505-22.

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